Simpósio internacional no STJ debate uso da inteligência artificial e de novas tecnologias em bibliotecas

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O Superior Tribunal de Justiça (STJ) deu início, nesta segunda-feira (31), ao 1º Simpósio Internacional de Inovação em Bibliotecas.

O evento, que tem como tema “Inovação Digital e Inteligência Artificial (IA) em Bibliotecas”, reúne ministros da corte, especialistas, professores e integrantes de diversas organizações para compartilhar experiências sobre o uso de tecnologias na gestão desses centros de conhecimento.

A abertura do encontro teve a participação por vídeo do presidente do STJ, ministro Herman Benjamin, que destacou a relevância dos temas em discussão e lembrou que o tribunal conta com a maior biblioteca jurídica do país.

“A Biblioteca do STJ motivo de grande orgulho para nós, pois ela representa um grande investimento que fazemos como instituição. Continuaremos ampliando os horizontes jurídicos de nossa Biblioteca, que tem especialistas e servidores extremamente capacitados e respeitados”, declarou o ministro.

O vice-presidente da corte, ministro Luis Felipe Salomão, afirmou que a biblioteca é uma instituição que sempre soube se reinventar com as viradas tecnológicas ao longo da história. “Hoje, a tecnologia é uma aliada na ampliação dos horizontes da biblioteca, e o STJ assume o seu papel de vanguarda nesse processo”, disse ele.

Proteção de conteúdos digitais e manipulação gerada por IA

Em seguida, a ministra Nancy Andrighi – responsável por presidir a mesa de abertura e moderar e primeiro painel do simpósio – alertou para a necessidade de proteção do conteúdo gerido pelas bibliotecas, sejam elas físicas ou digitais.

“Assim como combatemos a degradação dos ecossistemas, nós devemos punir a destruição ou a degradação negligente dos acervos analógicos e dos digitais também, afinal, a perda de um livro raro ou o apagamento de repositório online são maculas na memória nacional que não podemos admitir”, declarou a ministra.

A presidente do Conselho Federal de Biblioteconomia (CFB), Dalgiza Andrade Oliveira, trouxe para o debate a preocupação com a integridade das informações geradas pela IA. “Essa e outras tecnologias, que deveriam estar a nosso favor, também são usadas para negar a ciência, desinformar e manipular conteúdo para a população”, comentou.

Completaram a mesa de abertura a presidente da Divisão para a América Latina e Caribe da Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA), Jeannette Lebron, e o diretor do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia, Tiago Emmanuel Nunes Braga.

Ética e transparência no uso de algoritmos devem se refletir nas bibliotecas

Sob responsabilidade do presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Marco Americo Lucchesi, a conferência de abertura do simpósio teve como tema “Inovação na Preservação da Memória Bibliográfica Nacional”.

O gestor público citou iniciativas desenvolvidas pela Fundação Biblioteca Nacional para capacitar seus servidores no campo da IA, sobretudo por meio de seminários. Ele também apresentou o conceito de “algorética”, definido como a ética do algoritmo.

“A transparência dos algoritmos é importante não só fora das bibliotecas, mas também dentro delas. É por isso que bibliotecários e desenvolvedores de softwares têm um papel fundamental. Eles devem ter o cuidado para que não se reproduzam, por exemplo, estereótipos racistas na hora de lidar com fotografias dos bancos de imagens”, explicou Lucchesi.

IA generativa funciona como uma “máquina probabilística”

O ministro Sérgio Kukina conduziu o primeiro painel do evento, que reuniu o cocriador e pioneiro do design thinking para bibliotecas Santiago Villegas-Ceballos; a coordenadora de Classificação e Análise de Jurisprudência do STJ, Germara de Fátima Dantas Vilela; e o coordenador da Biblioteca Ministro Oscar Saraiva, Cristian Brayner.

Santiago Villegas-Ceballos fez uma apresentação com o tema “Bibliotecas na Era da IA: Formação Crítica e Ação Transformadora no Mundo Jurídico”, na qual detalhou como funciona a inteligência artificial generativa.

“Ela não é programada com todas as respostas possíveis, como acontecia com os softwares antigos. A IA generativa é programada para aprender a criar seus próprios algoritmos para cada neurônio artificial específico. Não se trata de memorizar os exemplos com os quais aprende, mas de visualizar o que é mais provável a partir deles”, explicou.

Ferramentas de IA já são uma realidade na biblioteca do STJ

Cristian Brayner e Germara de Fátima Dantas Vilela abordaram aplicações da IA na jurisprudência e na biblioteca do STJ.

Brayner deu exemplos de ferramentas de IA que já são usadas no dia a dia da biblioteca do STJ, como a Open Syllabus e a Scite.ai, que permitem, entre outras funcionalidades, o rastreio de obras citadas em cursos de direito e a análise semântica para mapeamento e conexão de artigos científicos.

O 1º Simpósio Internacional de Inovação em Bibliotecas continua nesta terça-feira (1º), a partir das 9h, com painéis no período da manhã e da tarde. Serão apresentadas reflexões sobre o futuro das bibliotecas e exemplos de práticas inovadoras desenvolvidas por organizações brasileiras e internacionais.



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