O papel da única mulher denunciada pela PGR em trama golpista

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Ex-subsecretária de Segurança Pública do Distrito Federal, a delegada Marília Ferreira Alencar, da Polícia Federal (PF), tornou-se ré no Supremo Tribunal Federal (STF) acusada de tentativa de golpe de Estado. Ela e outras cinco pessoas compõem o segundo grupo de aliados e ex-auxiliares do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que respondem por participar de uma organização criminosa para manter Bolsonaro no poder em 2022.

Antes de chegar à SSP-DF, Marília era diretora de Inteligência do Ministério da Justiça durante a gestão de Anderson Torres e, em 2022, foi uma das responsáveis por articular a organização de blitze pelo país para evitar que eleitores do então candidato Lula da Silva (PT) conseguissem votar no segundo turno. As informações constam em denúncia da PGR apresentada nesta semana.


Passo a passo após denúncia da PGR

  • A denúncia é apresentada pela PGR no âmbito da investigação relatada pelo ministro Alexandre de Moraes;
  • O relator abre o prazo de 15 dias para os advogados dos denunciados apresentarem defesa prévia e eventuais contestações;
  • Se houver contestações a trechos da denúncia, o relator abre vista à PGR responder os questionamentos;
  • A PGR tem o prazo de 5 dias para responder as contestações;
  • A denúncia volta ao STF, e o relator avalia a acusação e os argumentos da defesa – não há prazo para esta análise;
  • Quando o caso está apto a julgamento, o relator libera a denúncia para análise da Primeira Turma, que vai julgar o caso e decidir se transforma os denunciados em réus ou não; e
  • ⁠Se a denúncia for aceita, é aberta uma ação penal e começa a fase de contraditório, coleta de provas e de depoimentos de testemunhas de defesa e acusação

As investigações apuraram o histórico de conversas do celular de Marília e depoimentos de servidores do Ministério da Justiça, logo após o primeiro turno de 2022, a delegada solicitou um levantamento com os locais em que Lula teve uma votação expressiva.

As conversas constam em trechos na denúncia e apontaram para uma intensa coordenação de estratégias para interferência no segundo turno das eleições presidenciais, que ocorreram em 30 de outubro de 2022.

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Trecho de conversa citada em denúncia

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Trecho de conversa citada em denúncia

Arte/Metrópoles

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Trecho de conversa citada em denúncia

Arte/Metrópoles

Ainda no dia do primeiro turno das eleições, em 2 de outubro, Marília Alencar envia uma mensagem para o delegado da PF e colega no Ministério da Justiça, à época, Fernando de Souza, dizendo que deviam pensar em uma ofensiva quanto às pesquisas. Fernando era, na época, diretor de operações do MJ.

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Trecho de conversa citada em denúncia

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Trecho de conversa citada em denúncia

Arte/Metrópoles

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Trecho de conversa citada em denúncia

Arte/Metrópoles

Com o nome “Em off” no grupo, Marília comenta sobre o levantamento solicitado apontando redutos lulistas do país. Em conversas com outros denunciados, a delegada também demonstrou o interesse em dificultar o acesso dos eleitores petistas às zonas eleitorais.

“[Em] Belford Roxo (RJ), o prefeito é vermelho. Precisa reforçar PF”, escreveu em um grupo. “Menos 25.000 votos no 9 [nine, como se referiam a Lula]”, acrescentou em seguida.

“Pelotas (RS) Pelotas foi 52×36 [%] pro Lula. 202 mil habitantes”, enviou. “Os caras têm que rodar essas bases”. Em resposta, Fernando falou para enviar equipes ao Rio Grande do Sul, que conta com eleitores do PT no estado.

Em 16 de outubro de 2022 – 15 dias antes do segundo turno – Garrido anunciou no grupo que finalizou os planos para a Bahia, Ceará e Pernambuco. Estados nordestinos que concentravam grande número de votos no candidato do PT.

Em mais de uma situação, mensagens foram trocadas demonstrando o interesse em intervir nas eleições, conforme consta em denúncia da PGR.

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Marília é delegada da Polícia Federal

Foto: Breno Esaki/Metrópoles

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Delegado da PF Fernando de Sousa foi denunciado por aderir tentativa de golpe de Estado

Foto: Breno Esaki/Especial Metrópoles

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Anderson Torres

Vinícius Schmidt/Metrópoles

“Está claro o desvio de finalidade das ações policiais do grupo, orientadas ao propósito comum dos integrantes da organização criminosa de impedir, também mediante o emprego de atitudes de força, que o candidato agora denunciado fosse afastado do Poder”, informou a PGR.

“Esses e tantos outros diálogos revelam intensa coordenação de estratégias para interferência no pleito. As investigações revelaram, afinal, uma forte rede de comunicações desenvolvida pelos denunciados, com evidências de reuniões e decisões tomadas para garantir, por meio de ações conjuntas, apoiadas na força até policial, a vitória de Jair Bolsonaro. A análise das comunicações confirma o esforço incessante, crescente e coordenado para manipular o processo eleitoral – não somente pelas narrativas infundadas de fraude, mas também pelo empenho de força material impeditiva do acesso de presumidos eleitores do adversário às urnas temidas”, completou.



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