O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) negaram a existência de um acampamento ou assentamento reconhecido e com o nome de “Zé Pereira” no Distrito Federal, onde um integrante da facção paulista Primeiro Comando do Crime (PCC) foi preso nessa quinta-feira (25/4), em Brazlândia.
A Polícia Militar (PMDF) divulgou que o preso seria responsável pela segurança da área e, junto à 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia), informou que o local se trata de um assentamento do MST.
“O tal sujeito exposto na matéria como membro do PCC nunca fez parte do MST, não tendo absolutamente qualquer vínculo com o movimento, e nunca sequer ouvimos falar [dele]”, destacou a organização, por meio de nota.
Além disso, a reportagem pesquisou na lista de assentamentos cadastrados junto ao Incra – que reconhece todos aqueles vinculados ao MST – e encontrou apenas um com o nome de “Zé Pereira”, mas no Tocantins. A relação foi atualizada em 7 de abril.
O movimento ainda informou à reportagem que, no passado, houve a criação de um coletivo no DF com o nome de Zé Pereira, no centro de formação regional. No entanto, as famílias dele foram encaminhadas para o acampamento Ana Primavesi.
“Todos os assentamentos em áreas federais, da União, devem ser reconhecidos pelo Incra. Ele fornece o registro de beneficiário e a portaria de criação [dessas áreas]”, acrescentou o MST.
Acampamento e assentamentos são características distintas. A primeira diz respeito às ocupações em fase inicial para a reforma agrária; segunda às áreas onde o Estado reconheceu o direito de famílias viverem e produzirem. O MST destacou que também cobra certidão de nada consta para qualquer um que deseje fazer parte do movimento.
A Superintendência do Incra no Distrito Federal e no Entorno comunicou à reportagem não haver na base de dados do instituto qualquer acampamento de nome “Zé Pereira” em Brazlândia e com famílias cadastradas.
O Metrópoles pesquisou na base de dados do Incra e também não localizou assentamentos do MST com esse nome no Distrito Federal. E as fotos do local onde o integrante do PCC foi preso obtidas pela reportagem mostram uma bandeira vermelha entre as casas, mas ela não seria do MST, segundo o movimento.
O MST destacou que a informações divulgadas são “equivocadas”, “caluniosas, “sem lastro na realidade” e repassadas pela PMDF, “que não tem condições de provas concretas para afirmar tal situação”.
“Tentar vincular o MST com qualquer organização criminosa é, no mínimo, um desrespeito e uma injúria com as mais de 100 mil famílias trabalhadoras acampadas em áreas do MST e as mais de 450 mil famílias assentadas pelo movimento nestes 41 anos de luta pela reforma agrária e por justiça social no campo. Não aceitamos e nem aceitaremos tais acusações caluniosas”, concluiu o movimento.