Um dos assessores do pecuarista Carlos Roberto Ferreira Lopes aparece em transações suspeitas por repassar dinheiro a um auxiliar-administrativo que, mesmo com renda de R$ 1,5 mil, é sócio de José Carlos Oliveira, ex-ministro do Trabalho e Previdência e ex-presidente do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), ambos cargos na gestão de Jair Bolsonaro. O caso foi revelado pelo Metrópoles.
O assessor foi identificado como Cícero Marcelino de Souza Santos e estava ligado à Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), presidida por Lopes. A entidade é investigada no esquema bilionário que teria tirado dinheiro de aposentados sem que eles soubessem dos repasses.
As apurações da Controladoria-Geral da União (CGU) estimam que a Conafer tenha arrecadado cerca de R$ 688 milhões das remunerações de camponeses e indígenas desde 2019. O presidente da associação é dono de uma loja de artesanatos indígenas localizada no Aeroporto Internacional de Brasília.
De acordo com as investigações da Polícia Federal, Cícero Marcelino é visto como possível operador da Conafer e aparece em transações suspeitas com José Laudenor, um auxiliar administrativo com renda de R$ 1,5 mil.
Laudenor, por sua vez, aparece como sócio de José Carlos Oliveira na Fayard Organizações e Serviços Empresariais. Oliveira atualmente mudou o nome para Ahmed Mohamad Oliveira Andrade.
Os dois também dividiam o quadro societário em outro empreendimento: Yamada e Hatheyer Serviços Administrativos LTDA. Essa segunda empresa contava ainda com a filha de Oliveira e com a presença de Edson Akio Yamada, ex-diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão do INSS.
“Por fim, vale reforçar, uma vez mais, que José Laudenor manteve vínculos financeiros com Cícero Marcelino (que, por sua vez, operou com Carlos Roberto Ferreira Lopes – Presidente da Conafer) e também com Ahmed Mohamad, ex-presidente do INSS e ex-ministro do Trabalho e Previdência. Ao que ficou demonstrado, tais transações sugeriram a utilização de contas para movimentar recursos de terceiros e/ou atividades não declaradas, caracterizando possíveis indícios de burla/fracionamento e lavagem de dinheiro”, revela a investigação da Polícia Federal.
Embora citado, José Carlos Oliveira não foi alvo da Operação Sem Desconto, deflagrada em 23 de abril.
Os dados foram enviados à PF pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Em nota, o presidente da Conafer, Carlos Lopes, e a entidade afirmaram que contam com 8 milhões de associados e atendem em 4,5 mil municípios e que as “sem que as atividades pessoais [de Lopes] como pecuarista e produtor interfiram nas operações da entidade”.
A nota ressalta ainda que a Jaguar Artes Indígenas tem o objetivo de destacar e desenvolver peças confeccionadas em aldeias.
“Em relação às questões envolvendo a presidência do INSS, a Conafer observa o desdobramento do inquérito com serenidade. É importante ressaltar que a receita do INSS representa apenas 11% do total da entidade”.
O Metrópoles também tentou contato com José Carlos Oliveira por meio dos telefones e emails em seu nome, mas obteve resposta. Os seus sócios, José Laudenor e Edson Yamada também foram procurados, mas não responderam aos contatos.
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