Caso Sarah Raíssa: pai processará marca de desodorante e aplicativo

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Cássio Maurilio, pai da menina Sarah Raíssa Pereira de Castro, 8 anos, morta após inalar gás de desodorante aerosol como parte de um “desafio” que circula em um aplicativo na internet, quer processar a plataforma na web, bem como a empresa responsável pelo antitranspirante.

Conforme disse Cássio à imprensa, o aplicativo e a marca do produto “são igualmente responsáveis pela morte” da menina. Sarah teve morte cerebral confirmada nesse domingo (13/4), dias após aspirar o aerosol.

Inicialmente, circulou nas redes sociais que o desafio ocorreu no aplicativo Tik Tok. Contudo, durante o velório da criança, nesta segunda-feira (14/4), a tia da garota, Kelly Luane, disse que, na verdade, Sarah teria assistido ao vídeo no aplicativo Kwai. A informação não foi confirmada pela polícia.

“A plataforma não cria mecanismos para impedir conteúdos perigosos publicados [na rede]. […] A empresa do desodorante, por sua vez, não fala sobre o risco de morte caso o produto seja inalado. Todo material que oferece risco iminente de morte tem que ter [isso] escrito. Tem que ter imagem na embalagem. Os antitranspirante que eu olhei, não vem dizendo sobre o risco. Ele explica que se houver ou tiver alguma lesão na pele, você deve suspender o uso e procurar um médico”, disse.

Em um vídeo gravado por Cássio, logo após a criança ser hospitalizada, o homem segura um desodorante Old Spice, utilizado por Sarah no desafio, critica a falta de clareza quanto a perigos que podem ser causados pelo produto e reafirma que ajuizará o caso.

“A embalagem não tem nenhuma aviso em destaque de risco à saúde ou morte. […] Eu falo para vocês, cuidado com seus filhos. Isso aqui, desafio da internet, deixou [Sarah] nessa situação. Essa empresa será processada. Ela tem que pagar”, declarou o genitor.


O que aconteceu

  • Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Sarah Raíssa Pereira de Castro deu entrada no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) na quinta-feira (10/4), após ter inalado gás de desodorante.
  • A menina foi influenciada por uma trend em um aplicativo na internet.
  • Sarah teve uma parada cardiorrespiratória, mas foi reanimada após uma hora de tentativas por parte dos médicos. Ela, no entanto, não respondeu mais a estímulos e teve constatada a morte cerebral neste domingo (13/4).
  • Agora, a PCDF investiga como a criança teve acesso ao referido desafio. O caso é apurado pela 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro).
  • O delegado-chefe da 15ª DP, João Ataliba Neto, afirma que o responsável pela publicação do desafio poderá responder pelo crime de homicídio duplamente qualificado (através de meio que pode causar perigo comum e por ter sido praticado contra menor de 14 anos de idade), cuja pena pode alcançar os 30 anos de prisão.

Durante entrevista, o homem disse ter certeza que o desafio da internet tirou a vida da menina: “Tenho certeza absoluta. Nós encontramos ela [Sarah] desacordada [e caída] por cima do antitranspirante. Então o que aconteceu? Ela inalou o desodorante acabou, que cortou todo o ar do corpo dela. Ela entrou em parada cardiorrespiratória”

Assista:

“Quando o avó [da criança] foi dar por fé, ele viu ela deitada no sofá e pensou que estava dormindo. No momento em que foi falar com ela, ela não respondeu. Ai começou nosso desespero”, disse.

À reportagem Cássio contou que lutará para que o caso da filha não caia em esquecimento. “Nada do que eu fizer agora vai trazê-la de volta, mas, se minhas palavras impedirem que outras pessoas percam a vida, estarei satisfeito”, completou o pai.

O Metrópoles tentou contatar a empresa responsável pela produção do desodorante, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. O espaço segue aberto para futuras manifestações.

Polícia procura autor do vídeo

Responsável pelas investigações do caso na 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia Centro), o delegado-adjunto Walber Lima disse que o inquérito aberto para apurar as circunstâncias da morte busca descobrir como a vítima teve acesso ao conteúdo do desafio, para identificar os responsáveis pela proposta.

O investigador acrescentou que as apurações visam descobrir quem criou o conteúdo com o “desafio” e quem o teria compartilhado com a menina.

“Se ficar comprovado que ela acessou isso, a rede social por meio da qual ela assistiu ao vídeo também será oficiada, para que consigamos mais informações acerca do criador das imagens”, acrescentou.

O laudo de local também deve determinar a dinâmica de como a criança teria inalado o produto.

Menina queria ser médica

Durante conversa com jornalistas, o pai de Sarah Raíssa contou sobre os planos da filha para quando se tornasse adulta. “Eu a incentivava a estudar. Ela dizia que iria, mas não para ganhar dinheiro, e, sim, para salvar vidas. Ela queria ser médica”, contou.

“Agora eu quero justiça. […] Minha filha era um anjo. Ela não tinha nenhuma maldade. Ela queria era cuidar dos outros. Ela falou pra mim: ‘Eu vou estudar, pai, para ser médica e salvar vidas’. Agora, olha a fatalidade que aconteceu”, desabafou Cássio.

Último adeus

O corpo da menina foi velado nessa segunda-feira (14/4). Sob forte comoção, parentes e amigos de Sarah reuniram-se no Cemitério de Taguatinga para dar o último adeus à menina.

Emocionada, a família de Sarah Raíssa não conseguiu conter as lágrimas. “Por favor, Sarah, não nos deixe”, lamentou uma das pessoas presentes.

Ex-professora de Sarah na Escola Classe (EC) 6 de Ceilândia, Izabella Nogueira contou que a menina era uma aluna muito tranquila e que cativava a todos.

“Nós [professores] os ensinamos a sonharem ser médicos, enfermeiros, a bater asas… Hoje, temos de entregar um deles ao Senhor. Eu entendo que tudo é do Pai, mas hoje é um dia muito difícil para a gente e para nossa escola, pois nossos alunos fazem parte de nosso coração”, lamentou a educadora.



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